Durante encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em Salvador de Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que Israel congele “imediatamente” os assentamentos na Cisjordânia.
Lula disse que Israel deverá “preservar” as fronteiras com os territórios palestinos e permitir que este povo tenha “mais liberdade de circulação” nas áreas ocupadas.
O Brasil considera que a decisão de Israel de construir 900 casas no assentamento de Gilo, em Jerusalém Oriental, “viola as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e é um duro golpe aos esforços internacionais de paz”, disse a Chancelaria em comunicado oficial divulgado pouco antes da chegada de Abbas ao Brasil.
“A paz justa e duradoura depende de um Estado palestino coeso e próspero. A comunidade internacional não pode se conformar com menos que isso”, afirmou Lula após a reunião com Abbas em Salvador.
Lula defendeu também uma solução dialogada para o conflito e assinalou que a paz no Oriente Médio deveria ser uma “prioridade de todos os países”. “Ninguém pode ter a primazia na negociação entre israelenses e palestinos”, afirmou, oferecendo a contribuição do Brasil como mediador. Ele lembrou a frase que o presidente de Israel, Shimon Peres, lhe disse na semana passada, durante sua visita no Brasil: “para a paz no Oriente Médio não existem soluções mágicas”, mas seguir o caminho conhecido do diálogo.
País interlocutor
Mahmou Abbas veio ao Brasil com objetivo de reforçar o apoio latino-americano à criação do Estado palestino. O presidente da ANP esteve em Salvador, na Bahia, na quinta-feira (19) e sexta-feira (20), e hoje (21) estará em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
O presidente palestino deu as “boas-vindas” ao Brasil como um negociador e definiu o presidente Lula como um bom interlocutor, pelo “respeito” e a “admiração” que desperta na comunidade internacional.
“Gostaríamos que o Brasil usasse seu exemplo e a grande experiência para nos ajudar a acabar com a ocupação, e os palestinos assim possam viver em sua pátria ao lado dos israelenses com paz e estabilidade, e que a paz seja estendida a todo o Oriente Médio”, disse.
Lula pediu ao líder palestino que “continue colocando os interesses palestinos acima dos seus próprios” e que siga fazendo parte do processo de paz. O presidente brasileiro fazia referencia ao anuncio feito por Abbas de desistir de ser candidato nas próximas eleições, prevista no começo do ano que vem. “O senhor é parte do patrimônio do processo de paz, por sua liderança, sua moderação e pelo ânimo e confiança que injeta”, disse Lula.
Adiamento
Além do diálogo pela paz, os presidentes assinaram um convênio de colaboração em áreas como agricultura, comunicações, saúde, educação, desenvolvimento social e urbano.
Na segunda-feira (23), Abbas irá para a Argentina para um encontro com a presidente Cristina Kirchner, e depois seguirá para o Chile.
Abbas teria aceitado o adiamento das eleições presidenciais e legislativas palestinas, agendadas para janeiro de 2010, informou a emissora de rádio Voz de Israel. A mudança de data foi recomendada pela Comissão Eleitoral no último dia 12 quando anunciou a impossibilidade de realizar as eleições em 24 de janeiro, como é exigido por lei, por falta de tempo e pelas dificuldades impostas pelo Hamas, que governa Gaza.
O Hamas, que não reconhece a autoridade de Abbas nem da ANP desde junho de 2007, desaprova a realização das eleições e impediu o acesso à Faixa de Gaza dos membros da Comissão Eleitoral.
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