Como forma de cooperar com o novo governo da Grécia, liderado por Alexis Tsipras, a Comissão Europeia sinalizou nesta segunda-feira (02/02) que a troika (formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) poderá ser dissolvida como forma de concessão ao país. Na semana passada, o ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakis, afirmou que o triunvirato não é um interlocutor válido para resolver a questão do pagamento da dívida.
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Varoufakis se reuniu nesta segunda com o ministro britânico de Economia, George Osborne, para discutir questão grega
De acordo com o jornal espanhol El País, a dissolução do mecanismo só poderá acontecer caso Atenas cumpra todos os compromissos assumidos na ocasião da entrada da troika no país. Tal medida será uma forma para que os “europeus e o FMI deixem a Grécia separadamente. Este seria um sinal importante para Tsipras que não custa sequer um euro”, disse uma fonte ao periódico.
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Não está em questão o perdão da dívida grega, esclareceram as fontes consultadas pelo diário espanhol. Mas Bruxelas busca encontrar uma “solução de compromisso” que contemple tanto as exigências do governo grego, como a dos parceiros europeus. Dentre as saídas cogitadas está a concessão de facilidades no pagamento da dívida, como a ampliação de prazos de pagamento e redução dos juros.
O acordo sobre o tema dependerá do resultado das reuniões que serão realizadas nesta semana entre Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, e Varoufakis com sócios europeus em Paris, Londres, Roma e Bruxelas.
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Na última semana, Atenas disse não estar interessada em estender o resgate atual – cujo prazo termina no dia 28 de fevereiro. Diante da reação europeia, Tsipras afirmou no último sábado (31/01) que pagará os empréstimos feitos pelo Banco Central Europeu e o FMI e que buscará um acordo com as autoridades europeias antes do fim do prazo.
A Comissão Europeia é favorável à extensão do programa atual e tem procurado aliviar a dívida grega com a ampliação dos prazos e uma redução dos juros.
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Alemanha se opõe
O governo alemão, comandado pela chanceler Angela Merkel, por sua vez, manifestou oposição ao fim da troika: “não há nenhum motivo para se afastar desse mecanismo confiável”, afirmou em um comunicado divulgado nesta segunda (02/02).
O ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, também desconsiderou qualquer modificação no organismo que comanda desde 2010 os resgates financeiros a Grécia, Irlanda e Portugal. Ele defende que os mecanismos não podem ser modificados unilateralmente.
Berlim tem insistido que a Grécia precisa cumprir os acordos e pagar a dívida. O jornal alemão Handelsblatt, no entanto, divulgou hoje que a Alemanha estaria disposta a reformar a troika e cogita suspender as viagens dos funcionários do mecanismo a Atenas, vistas pelos gregos como humilhações.