Um deputado antigays e pró-cristão russo foi ao Ministério da Cultura com uma iniciativa para criar um mecanismo que bloqueie o acesso a vários produtos culturais considerados “nocivos” para os valores tradicionais do país.
Vitaliy Milonov, da Assembleia Legislativa da cidade de São Petersburgo, segunda maior cidade do país, deu como exemplo de ameaça a série de televisão norte-americana “Game of Thrones”, reportou o jornal local Izvestia nesta segunda-feira (15/06).
O parlamentar disse que o culto ao seriado, cujo último episódio da 5ª temporada foi exibido mundialmente no domingo (14/06), é um exemplo típico de um “produto nocivo”.
Milonov culpou os autores do programa por terem idealizado cada personagem da série da HBO como tendo algum tipo de “desvio sexual” e sugeriu que isso foi feito de propósito, para que o público tomasse esses desvios como um tipo de conduta normal.
No entanto, questionado por jornalistas, ele admitiu que nunca tinha visto sequer um episódio, reportou a emissora Russia Today.
“A liberdade de expressão é apenas um rótulo chamativo que esconde os aditivos ideológicos cancerígenos”, sintetiza o deputado. “Eles [ocidentais] estão difundindo todos os trabalhos com certo conteúdo ideológico. Eles demonstram ideias que antes seriam inadmissíveis e que são agora normais”, acrescenta.
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Para resolver esse “problema”, a proposta de Milonov é que as autoridades passem a emitir uma classificação oficial para todos os projetos culturais, conferindo-lhes “marcas de qualidade” se eles corresponderem aos valores tradicionais da nação e carimbando avaliações negativas aos produtos potencialmente nocivos.
Para o parlamentar, essa classificação ajudará a definir a escolha do público russo sobre suas opções de entretenimento. Aos seus olhos, praticamente todos os produtos culturais ocidentais foram destrutivos para os valores tradicionais russos, especialmente programas famosos norte-americanos.
O método de classificação cultural não é a primeira sugestão polêmica elaborada por Milonov ao longo dos últimos anos. No passado, ele chegou a propor medidas como o reassentamento forçado de moradores de rua para áreas rurais, além da lei municipal que proíbe a “promoção da homossexualidade” a menores de idade em São Petersburgo.
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