A Etiópia passa pela pior seca em 50 anos, afirmou em nota na última segunda-feira (07/12) o diretor da ONG britânica Save The Children na capital etíope, John Graham. No início de 2016, serão 10 milhões de pessoas com necessidade de ajuda alimentar, o que representa cerca de 10% de toda a população do país, o segundo mais populoso da África.
UNICEF Ethiopia/Flickr
Governo da Etiópia reuniu US$ 200 milhões do orçamento para combater atual crise alimentar
A seca na Etiópia foi intensificada pelo El Niño, fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico Sul, que neste ano foi intenso. A mudança na temperatura das águas do Pacífico tem repercussões no clima de diversas partes do planeta.
A Save The Children aponta que, no ano que vem, 5,75 milhões de crianças serão afetados pela seca e 400 mil delas estarão em risco de má nutrição severa. A ONG fez um apelo aos líderes mundiais, reunidos em Paris para a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP21), para que “aproveitem a ocasião para abrir os olhos e agir antes que seja tarde demais”.
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“A crise alimentar na Etiópia precisa ser uma prioridade para a comunidade internacional”, afirmou Mitiku Kassa, secretário do comitê do governo etíope para prevenção e preparação a desastres, ao jornal francês Le Monde. Kassa disse que a Etiópia reivindica o aporte de quase US$ 600 milhões em ajuda humanitária de instituições e países estrangeiros para o ano que vem. Até o momento, a comunidade internacional prometeu US$ 163 milhões às autoridades da Etiópia, o que, segundo Kassa, “não é suficiente”.
A ONG britânica afirmou que US$ 1,4 bilhão de dólares é a quantia necessária para contornar a crise alimentar do país. O governo etíope começou a distribuir mantimentos em parte dos locais mais afetados pela seca.
Vários países africanos, inclusive Maláui e África do Sul, tem sido afetados pela seca. Uma crise alimentar na Etiópia em 1984 levou centenas de milhares de pessoas à morte por fome. A embaixada etíope em Londres, entretanto, lançou um comunicado em novembro afirmando que não há risco de que a crise atual seja “remotamente parecida em magnitude com aquela de 1984”.