Os delegados das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) reunidos na décima Conferência Nacional Guerrilheira têm manifestado “apoio unânime” ao acordo de paz com o governo colombiano, afirmou nesta segunda-feira (19/09) Pablo Catatumbo, integrante da cúpula da guerrilha.
“Em geral, em todas as intervenções nota-se apoio unânime ao acordo assinado em Havana, ao comandante [das FARC, Timoleón Jiménez], ao Estado-Maior das FARC e à delegação de paz”, disse Catatumbo à imprensa em El Diamante, um ponto nos Llanos del Yarí, região sul do país, nos confins da Amazônia, onde acontece a histórica assembleia, a última da guerrilha como tal.
Em meio às manifestações de apoio há também críticas e preocupações, afirmou Catatumbo. Entre estas estão a reintegração dos quase 7.000 guerrilheiros à vida civil, o futuro dos guerrilheiros que se encontram presos atualmente e o combate ao paramilitarismo, as milícias de direita formadas nos anos 1980 que guerrearam contra as FARC e outras guerrilhas e contra as forças do governo colombiano nos últimos 30 anos.
Agência Efe
Ivan Márquez, representante das FARC nos diálogos de paz com o governo colombiano, durante a Conferência Nacional Guerrilheira
Segundo o dirigente das FARC, no domingo (18/09) discursaram na conferência representantes de 44 unidades e blocos da guerrilha, e as intervenções de delegados seguem nesta segunda-feira, com a expectativa de que “se alimente o debate” sobre o futuro do grupo, disse Catatumbo.
Até o momento, os guerrilheiros também ouviram “muitas propostas para melhorar a imagem e o desempenho na organização política legal” em que se transformarão assim que deixarem as armas, acrescentou o dirigente.
Essa organização será “um partido ou movimento político”, segundo disse seu líder, Timoleón Jiménez, na abertura da conferência no sábado (17/09).
Durante os debates, foram propostos alguns dos princípios que esse partido terá, como “combater a corrupção e manter o respeito às ideias alheias e a luta pelas ideias”, comentou o chefe guerrilheiro.
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O novo movimento deverá também buscar a “democracia ampliada, uma Colômbia inclusiva socialmente, mais justa” e que respeite os “princípios democráticos”.
Além disso, houve “observações e críticas frente a alguns comandantes da Frente Primeira”, uma unidade guerrilheira que opera no departamento do Guaviare, no sudeste, que anunciou há dois meses que não acolheria o acordo de paz alcançado após quase quatro anos de negociações em Havana, mas que enviou um delegado e parece que finalmente se desmobilizará.
O acordo de paz alcançado com o governo foi firmado no dia 24 de agosto e será assinado em um ato solene no próximo dia 26, em Cartagena das Índias, pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e por Jiménez.
Posteriormente, o pacto será submetido a uma consulta popular em um plebiscito que será realizado em 2 de outubro.
Nesta conferência, que terminará na próxima sexta-feira (23/09), espera-se que as FARC ratifiquem o acordo, a deposição das armas e sua transformação em um partido ou movimento político.
*Com Agência Efe