Foto kamalsaleem.com
Quando tinha sete anos de idade, o libanês Kamal Saleem contrabandeava armas para a Organização para a Libertação Palestina (OLP). Na adolescência, coordenou um acampamento terrorista no deserto líbio, sob as bençãos de Muamar Kadafi. Ele também visitou o Iraque e conheceu Saddam Hussein. Já no fim dos anos 1970, Saleem estava no Afeganistão, combatendo os soviéticos. Chegando nos Estados Unidos, ele afirma ter passado cinco anos recrutando muçulmanos para a guerra santa – até encontrar Jesus e abandonar a jihad. “Eu não vim para amar vocês. Eu vim como terrorista para destruir este país.”
Saleem é um dos muitos ex-terroristas que surgiram após o 11 de setembro para “compartilhar suas experiências”. Ele tem contado sua história de redenção em sedes de governos estaduais, na Academia da Força Aérea, e em universidades e igrejas em todo o país. O libanês foi apelidado por um jornal estadunidese de “Forest Gump do Oriente Médio”: suas histórias mirabolantes não se sustentam. Um professor de História do Oriente Médio em uma faculdade em Michigan, onde Saleem deu uma palestra, não se convenceu e partiu para a investigação sobre o libanês. Ele descobriu que seu nome original é Khodor Shami, e que antes de sair do armário como terrorista ele trabalhou por mais de dez anos na Christian Broadcasting Network (Rede Cristã de Radiodifusão), um canal de TV, e na organização Focus on the Family (“Foco na Família”), dois expoentes da direita cristã nos EUA.
Ironicamente, a falta de interesse do governo dos Estados Unidos no suposto ex-terrorista é a maior evidência de que seu passado jihadista não passa de invenção. Como comentou o diretor executivo do Council on American-Islamic Relations, “o FBI ou o Departamento de Segurança Nacional não deixam de deter um terrorista só porque ele afirma ter encontrado o Espírito Santo.”
Leia mais sobre o conto do vigário islâmico na revista Mother Jones.
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