Avós da Praça de Maio anunciam neto 128, raptado na ditadura da Argentina

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Escombros de Pinheirinho. Foto Fora do Eixo
A comunidade de Pinheirinho recebeu no dia 2 de abril a medalha Chico Mendes de Resistência, homenagem do Grupo Tortura Nunca Mais em reconhecimento à defesa dos direitos humanos. A comunidade do Movimento Urbano dos Sem Teto (MUST), em São José dos Campos, São Paulo, foi vítima de violenta repressão da polícia do estado no dia 22 de janeiro, durante cumprimento de mandato de reintegração de posse determinado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. A ação policial expulsou cerca de 1.600 famílias que ocupavam o local desde 2004, fazendo dezenas de feridos e desaparecidos. O terreno de mais de um milhão de metros quadrados pertenceria ao grupo de empresas Selecta, do especulador Naji Nahas, preso em 2008 por suspeita de corrupção durante a operação Satiagraha, da Polícia Federal, e um dos responsáveis pela quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 1989. A entrega da medalha foi realizada na sede da Ordem dos Advogados Brasileiros do Rio de Janeiro (OAB-RJ).
Ao receber a medalha, Valdir Martins, coordenador geral da comunidade, disse que a homenagem prova que a ação repressora do Estado foi um “tiro que saiu pela culatra”, pois, apesar dos tiros reais e de toda a violência sofrida, “a comunidade não se calou e não se calará”. Enquanto o terreno é atualmente um grande entulho, os ex-moradores da comunidade, agora pagando aluguéis em imóveis da região, se reúnem semanalmente com moradores de outras comunidades. “O MTST (Movimento dos Trabalhadores Urbanos Sem Teto) fez duas ocupações em São Paulo, uma em Santander e a outra em Embu das Artes, e elas se chamam Novo Pinheirinho. Estamos pretendendo fazer a partir de agora mais umas 40 ocupações no Brasil inteiro com o nome de Novo Pinheirinho, para dizer que Pinheirinho vive”, afirmou Martins.
Para a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, a homenagem à comunidade de Pinheirinho “representa um dos objetivos da medalha, que é ligar a violência do Estado que ocorreu na ditadura militar com a violência do Estado que ocorre hoje”. “Com a medalha queremos apontar a violência do Estado contra a pobreza e exaltar e trazer para a sociedade o que vinha sendo feito pela comunidade, que a mídia hegemônica jamais mostrou”, disse ela, referindo-se a diversas iniciativas sócio-educacionais que eram realizadas no local pelos moradores.
Outros homenageados
A medalha Chico Mendes é entregue anualmente desde 1989 em homenagem ao seringueiro assassinado no Acre em 1988. Na edição de 2012, também foram agraciados Maria Augusta Tibiriça Miranda (médica), Moema Eulália Toscano (socióloga), Osvaldo Orlando da Costa (in memorian, desaparecido político), Belisário dos Santos Júnior (advogado), Gabriel dos Sales Pimenta (in memorian, advogado assassinado em 1982), Deize Silva de Carvalho (mãe de Andreu de Carvalho, torturado e assassinado em 2008, quando estava sob tutela do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) do Rio de Janeiro), Maria Cecília Corrêa (in memorian, desaparecida política), Mário Augusto Jakobskind (jornalista) e Maria Helena Honorato (ativista de direitos humanos perseguida pela polícia do Rio de Janeiro).
Publicado originalmente no site Carta Maior
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