Imagem via Wikimedia Commons
Diversidade ecológica e diversidade linguística estão intrisicamente ligadas: é a conclusão de um estudo de quatro pesquisadores estadunidenses, informa o site da revista Mother Jones. Pesquisas anteriores já haviam sugerido a concomitância de áreas de grande diversidade biológica e linguística, mas os dados empíricos eram limitados; neste novo estudo, os autores utilizaram dados recentemente compilados que indicam a localização geográfica de mais de 6900 idiomas, e os compararam com a localização de áreas conhecidas por sua grande biodiversidade, de acordo com a classificação da organização Conservation International.
Os cientistas concluíram que 70% dos idiomas do mundo são encontrados nas regiões biologicamente mais ricas, e que assim como as espécies de plantas e animais ameaçadas, muitos deles também correm risco de extinção. Eles examinaram 35 regiões com um número excepcionalmente alto de espécies endêmicas, que perderam pelo menos 70% do seu habitat. Estas áreas correspondem a apenas 2,3% da superfície terrestre, mas contém mais da metade das plantas vasculares e 43% dos vertebrados terrestres existentes no planeta. Elas também são o berço de 3202 idiomas – quase metade das línguas faladas no mundo todo.
Segundo o site, biólogos estimam que a perda anual de espécies hoje seja mil vezes maior do que as taxas históricas, e linguistas preveem que entre 50 e 90% dos idiomas existentes atualmente desapareçam até o fim deste século. “Aparentemente, as condições que eliminam espécies também eliminam linguagens”, afirma o autor principal do estudo, Larry Gorenflo, da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA. “Acredito que esta é uma boa justificativa para que os esforços de conservação sejam integrados para manter a diversidade biológica e cultural.”
Os pesquisadores não sabem explicar a coexistência de áreas com altas concentrações de espécies e idiomas ameaçados, mas acreditam que as culturas indígenas, amparadas por suas línguas nativas, criam as condições ideais para a preservação de espécies e ecossistemas. “Dada a capacidade humana de dominar e frequentemente erradicar outras espécies, a importância da relação entre as pessoas e os ambientes naturais que elas habitam não pode ser subestimada na conservação da biodiversidade”, escrevem os autores.
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Fonte: Mother Jones (em inglês)
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