A liberdade não é livre – nem no Canadá. Foto por jepoirrier
Os policiais canadenses tem enfrentado um problema insólito: às vezes, quando eles abordam um motorista em alta velocidade ou em um veículo sem placas, o condutor, em vez de apresentar uma carteira de motorista válida, exibe uma carteirinha de membro da World Freeman Society, declarando-se uma “pessoa livre”. Os “livres” rejeitam a autoridade da polícia e do sistema judiciário, frequentemente se recusam a pagar impostos e não aceitam se sujeitar às leis do país em que vivem.
Os Freeman-on-the-Land são o braço canadense do movimento internacional dos “livres”, cujos membros acreditam que “uma pessoa livre é um ser humano que vive sob a jurisdição de Deus e que não aceita ser governado pelas leis humanas”. Segundo o site da revista The Walrus, o movimento surgiu nos últimos anos, na esteira da publicação de um “guia econômico e espiritual” de 97 páginas em 2005, escrito por Mary Elizabeth Croft, uma das gurus do grupo.
Os “livres” canadenses pretendem se divorciar do governo federal, que eles veem como um governo “privado, corporativo, voltado para o lucro”. O governo “legítimo”, para eles, seria aquele estabelecido “sob um Deus cristão e a sua lei”. Os “livres” geralmente aceitam a legitimidade dos documentos fundadores de um país, como a Constituição, mas acreditam que estes foram “usurpados por um governo corporativo com o objetivo de escravizar a população em um sistema comercial de dívidas”. Eles associam esta “escravidão” aos documentos oficiais emitidos pelo Estado, como carteiras de identidade e de motorista e passaporte, e às vezes criam seus próprios papéis oficiais, declarando assim sua “soberania”.
No Canadá já houve alguns incidentes entre os “livres” e as autoridades, mas sem ameaças à segurança pública – nos EUA, porém, os “cidadãos soberanos” já chegaram a atacar instituições do governo e policiais, diz o site. Os “livres” canadenses são considerados mais “de esquerda” e menos violentos do que seus colegas estadunidenses, tendo inclusive estabelecido um exército de “oficiais da paz”. Por lá, os “livres” mais contestadores são geralmente acusados de desacato e penalizados com multas – que eles nem sempre pagam. Isso aconteceu várias vezes com o líder ideológico do movimento no Canadá, Robert Menard, que em 2008 foi finalmente banido de participar das cortes de British Columbia até que ele voltasse a ter uma boa atitude para com a autoridade jurídica da província. Segundo a The Walrus, isso ainda não aconteceu.
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