O maior presídio da Bolívia e um dos maiores da América Latina é também um dos mais desorganizados e com maior esquema de corrupção. No Centro de Reabilitação Santa Cruz Palmasola, em Santa Cruz de La Sierra, vivem 4.400 pessoas. Mesmo não sendo dia de visita, mulheres produzidas fazem fila sob o sol e temperatura de 35ºC para ver maridos e parentes. A visita é garantida com o pagamento de 10 pesos (cerca de 3 reais) para os policiais.
Segundo depoimento do advogado Hernán Mariobo para o site da Rede Brasil Atual, 80% dos detidos em Palmasola estão em prisão preventiva, aguardando julgamento. Muitos já ultrapassaram os três anos de permanência estabelecidos por lei. “Estamos falando de mais de mil pessoas com processos parados e, por consequência, com seus direitos violados. Nossa Defensoria Pública tem no máximo 20 pessoas. Elas precisam dar conta de todos esses processos e, é claro, a coisa se complica ainda mais para os estrangeiros”, diz Mariobo. Com o sistema imerso em corrupção, presos e seus advogados tentam pagar para ter uma audiência, enquanto funcionários públicos do judiciário cobram e aceitam pagamentos.
O advogado Alfredo Gomes Soares, especialista em casos de defesa, afirma que o presídio não tem um único veículo de transporte. O preso deve pagar o táxi até Palmasola e, quando tem audiência marcada, deve arcar com as despesas de escolta policial e do transporte de ida e volta.
Os detentos em melhor condição financeira – que recebem dinheiro da família, do tráfico ou de negócios internos – podem usufruir os bens de consumo e serviços, ter acesso a prostitutas que chegam de fora e do pavilhão de mulheres, conseguir drogas (segundo alguns, manipuladas em um laboratório local) e até incrementar a cela (alugada) com jacuzzi, televisão e cozinha. É permitido inclusive morar com a família. Segundo a Defensoria de Santa Cruz, mais de mil crianças vivem dentro de Palmasola. Elas saem para estudar em escolas próximas e voltam no fim do dia para dormir na “casa” dos pais.
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