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A família Rogers assinou um contrato de uso de superfície com uma empresa de fraturamento hidráulico em 2009 para fechar sua fazenda leiteira de 1,2 quilômetros quadrados na zona rural da Pensilvânia. Eles não perceberam que tinham assinado um termo de sigilo que torna o acordo totalmente inválido se algum membro da família discutir os termos do contrato — alterações na água ou na terra resultantes do fraturamento e outras informações — com qualquer pessoa que não seja da empresa de gás.
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Rogers não é o sobrenome real da família, mas um pseudônimo sugerido por Simona Perry, uma antropóloga. Ela tem trabalhando com famílias rurais que vivem no meio do boom de gás natural da Pensilvânia desde 2009. A senhora Rogers concordou inicialmente em participar do estudo de Perry. Depois ela contatou a pesquisadora aos prantos, contando sobre o termo de sigilo. Perry disse que esses acordos impedem médicos e pesquisadores de reunir informações valiosas sobre os impactos do fraturamento na saúde e no meio ambiente.
O polêmico método de fraturamento hidráulico para perfuração e extração de petróleo e gás natural, conhecido como fracking, envolve o bombeamento de água e substâncias químicas no subsolo para quebrar as rochas e soltar o petróleo e gás. Apesar dos padrões para emissões no ar recentemente introduzidos pela Agência de Proteção Ambiental, o fraturamento hidráulico continua amplamente sem regulamentação por parte do governo federal dos EUA e já foi relacionado a terremotos e contaminações de ar e água por todo o país. Empresas de fraturamento revelam alguns dos químicos usados no processo, mas outras — e seus níveis de concentração — geralmente não são divulgados pois são consideradas segredos comerciais.
Chris e Stephanie Hallowich e seus filhos pensaram que tinham encontrado a casa dos sonhos quando se mudaram para uma fazenda em Mount Pleasant, na Pensilvânia. Mas eles não sabiam que o proprietário anterior havia arrendado os direitos de exploração do gás a uma empresa de fraturamento. O casal e suas crianças começaram a ter dores de cabeça, sangramentos nasais, ardência nos olhos e dores de garganta. A família tentou chamar a atenção da mídia, dos regulamentadores estaduais e das empresas de gás, mas acabou entrando com um processo em 2010 e abandonou sua casa.
O processo foi encerrado no ano passado. A audiência foi fechada para a imprensa e as empresas de gás natural persuadiram o juiz de primeira instância a aprovar que o acordo fosse permanentemente vetado à consulta pública.
Tradução por Jessica Grant
* Texto publicado originalmente no site norte-americano Truthout
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