Andrew Butitta
Alfabetizando em tecnologia: ensinar a programar é ensinar a pensar
Que as tecnologias chegaram em nossas vidas para ficar, ninguém mais duvida. Agora, qual o futuro das inovações e como vamos interagir com elas é um tema que está sendo bastante debatido. Especialistas já apontam a programação como a linguagem do futuro e ferramentas que ensinam a codificar estão ganhando cada vez mais espaço. É o caso da Codecademy, plataforma on-line que oferece aulas gratuitas de codificação em linguagens de programação. “Quando montamos a empresa, dois anos e meio atrás, já tínhamos em mente que a programação é a habilidade mais importante do século 21”, afirma Zach Sims, um dos fundadores da startup.
Sims defende que é fundamental que as pessoas entendam por quê e como essas mudanças estão acontecendo e que se envolvam com elas. “Todas as indústrias, seja de jornalismo, medicina, agricultura, são impactadas pela tecnologia. É importante que aprendam pelo menos o básico da linguagem que está mudando a vida de toda a sociedade.”
Para ele, o aprendizado da programação tem efeitos multidisciplinares, que envolve diversas áreas de nossas vidas. “Entender essa linguagem torna as pessoas melhores em muitas coisas. Melhora a capacidade de resolver problemas, em lidar com desafios e obstáculos. Essas habilidades são importantes para a vida como um todo.”
Joi Ito
Mitch Resnick: “Vejo a codificação como uma extensão da escrita”
Extensão da escrita
A crescente importância da linguagem não é novidade. Mitch Resnick, criador do Scratch, um projeto do Media Lab, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), que ensina alunos a partir dos 5 anos a dar os primeiros passos em programação, já comparou a importância em aprender a programar com a de aprender a ler: “Quando você aprende a ler, você pode então ler para aprender. É a mesma coisa ao escrever códigos. Se você aprende a escrever códigos, você pode escrever códigos para aprender”, disse em sua apresentação durante o TEDx Beacon Street [evento, nos Estados Unidos reunindo especialistas das áreas de tecnologia, entretenimento e design], no ano passado.
Em um artigo publicado no “EdSurge” , boletim dedicado à educação em tecnologia, Resnick completou: “Vejo a codificação (programação de computadores) como uma extensão da escrita. A capacidade de codificar permite “escrever” novos tipos de coisas como histórias interativas, jogos, animações e simulações.”
Até dezembro do ano passado, a plataforma educativa Codecademy já tinha ultrapassado a marca de 24 milhões de usuários únicos, segundo o “The Wall Street Journal”. Para Sims, o sucesso se dá porque ensinar as pessoas a programar as ensina também a pensar e a entender as tecnologias, e não apenas a fazer um uso passivo delas.
A plataforma já é usada em algumas escolas dos Estados Unidos e, segundo o empresário, acordos para levar a Codecademy para países do sudeste asiático, como Malásia e Singapura, já estão sendo estudados pelos governos.
* Texto originalmente publicado em Porvir, site dedicado à difusão e troca de conteúdos sobre inovações educacionais.
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