No livro “As prisões de São Paulo” (Alameda, 238 págs, R$40,00), o pesquisador do Gevac – Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos da UFSCar Felipe Athayde Lins de Melo contesta a visão que o sistema prisional no estado não funciona e passa por um momento de crise. Pelo contrário, afirma o autor, as penitenciárias de São Paulo são exemplo de sucesso.
“Ouvimos muito na mídia que a prisão é uma instituição falida e não serve para nada. Em termos teóricos, estudando números econômicos e sociais, apresento a perspectiva de que, na verdade, a prisão é uma instituição de grande sucesso. Não é a toa que saímos da década de 90 com cerca 40 unidades prisionais e hoje temos a 163 espalhadas pelo estado e, nas últimas décadas, as prisões fizeram parte de uma política de governo”, afirma Athayde Melo.
O principal argumento para o sucesso é, segundo o pesquisador, a economia produtiva relacionada às penitenciárias no interior de São Paulo. De acordo com ele, muitos municípios têm nas prisões a principais fonte de renda e emprego.
“Se observarmos a região oeste de São Paulo, local com poucas ofertas de trabalho formal, concluímos que as prisões são a principal fonte de emprego que o Estado consegue gerar em determinadas regiões. Nessa ótica, ouvi de um prefeito da região oeste que só faltava para sua cidade um supermercado, pois o município estava em plena expansão com a presença de três unidades prisionais”, diz.
Edson Lopes Jr./ GESP
Geraldo Alckmin durante visita ao presídio de Presidente Vencislau: Estudo aponta prisões de SP como 'exemplo de sucesso'
Além da geração de empregos, “as prisões também movimentam a renda indireta dos municípios que abrigam unidades prisionais”, afirma Athayde Melo. Por exemplo, com o fluxo de visitas nas penitenciárias aos detentos. Hotéis, pousadas, restaurantes e outros seguimentos do terceiro setor são favorecidos com as penitenciárias.
Outra contribuição
O livro “As Prisões de São Paulo” também discute a ideia de que quem passa pela prisão tem apenas dois caminhos a seguir: reintegrar-se à sociedade ou reincidir no crime. Usando exemplos que vivenciou como gestor de política penitenciárias, Athayde Melo demonstra que existem possibilidades mais complexas para quem deixa a prisão.
“No livro, descrevo a trajetória de um ex-detento que hoje está fora da criminalidade e trabalha como assistente social no auxílio a moradores de rua. No entanto, após se enredar numa rede do crime dentro da penitenciária, ele precisou cometer um assassinato para conseguir aquilo que chama ‘licença do crime’. Esse exemplo evidencia como a lógica de que ou você sai da prisão recuperado, como se o crime que levou a pessoa à prisão fosse uma doença social, ou então você voltará para o crime, não dá conta de enxergar a trajetória das pessoas.
As prisões de São Paulo
Editora: Alameda
Número de páginas: 238
Preço: R$60,00
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