Todas as previsões apontam para uma retração nas economias dos países mais desenvolvidos, com queda no PIB (Produto Interno Bruto) mundial em 2009 – vários deles já entraram em recessão, como Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Alemanha. Não que as nações emergentes estejam passando ilesas pela crise internacional, mas são elas que devem puxar a economia global, especialmente aquelas do grupo conhecido como BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China. O mundo quer saber o que eles têm a dizer sobre a crise.
Não por acaso, os premiês Wen Jiabao (China) e Vladimir Putin (Rússia) falarão na abertura do 39º Fórum Econômico Mundial, que começa hoje (28) na cidade suíça de Davos. É a primeira vez que a Rússia participa do encontro. A Índia estará representada por três ministros. Também estarão lá os presidentes do México, Felipe Calderón, e da África do Sul, Kgalema Motlanthe – os dois países que, ao lado de Brasil, Índia e China, vem participando das seletas reuniões do G-8.
Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estrela do Fórum Econômico em anos anteriores, não irá. Ele decidiu comparecer apenas ao Fórum Social Mundial, que acontece simultaneamente em Belém (PA). Nos bastidores, fala-se que Lula não quer sentar-se ao lado dos culpados pela crise. Representarão o governo brasileiro o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Também estará lá o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Analistas acreditam que seria importante a presença de Lula. “O momento é de crise econômica, crise não poupa ninguém. Era o momento do presidente se fazer presente, especialmente se o Brasil tem ambição de participar de outros fóruns internacionais de decisão”, opina o economista Tomas Zinner, ex-presidente do Unibanco e vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
“Uma vez que a previsão é de queda no PIB mundial e que a economia mundial será puxada pelos emergentes, talvez fosse importante o Brasil estar em Davos”, concorda Anselmo Luís dos Santos, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade de Campinas (Unicamp).
Renato Baumann, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB) e diretor do escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) em Brasília, frisa que o mundo quer saber o que os principais emergentes farão frente à crise financeira internacional. “Não resta a menor dúvida de que a saída do cenário atual passa por uma participação maior dos BRICs”.
Santos considera emblemática a participação inédita de um líder russo, mas frisa que os holofotes estarão sobre Wen Jiabao. “Há grande expectativa em relação à participação da China e da análise do que vai acontecer com a economia chinesa. A reação da China pode amenizar a crise mundial”.
Emergentes não têm esse peso todo, diz economista
Já o vice-presidente do Cebri minimiza a importância dos emergentes no cenário internacional. Zinner não acredita nas previsões e frisa que, hoje, estes países estão sentindo os efeitos da crise muito mais fortemente do que há três meses. “Acho que cada vez pesa menos o papel dos emergentes”, avalia.
A presença de líderes destes países e de outros do mundo em desenvolvimento que não seguiram o receituário neoliberal, na avaliação dele, tem outro significado. “A presença de líderes de esquerda e de direita mostra que a crise não é ideológica”, afirma.
O líder que o mundo mais quer ouvir no momento, no entanto, não estará em Davos. A arena que “bombou” durante o governo do democrata Bill Clinton não contará com a presença do também democrata Barack Obama, presidente da maior economia do planeta. “Obama não ir significa tirar apoio de um espaço que sempre foi de ricos e celebridades e gerou desigualdades. É uma mensagem clara”, acredita Anselmo Luís dos Santos.
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